domingo, 30 de junho de 2013
O Grupo Escolar
Havia o pavilhão do Jardim e o prédio do Grupo. E, um campo enorme gramado, com árvores e um caminho circular. Nele marchávamos ao som dos hinos e também ficávamos no recreio. Embaixo do prédio, um espaço, que continua preservado, onde as turmas formavam e a diretora, Dona Rosa, conversava todos os dias com os alunos, Após, havia a oração e cantávamos o Hino Nacional. Em datas comemorativas, eram os respectivos hinos. Faziam parte do currículo, Canto Orfeônico e trabalhos manuais.
Tínhamos direito ao material escolar e aos tecidos para uniforme (branco e azul-marinho), por sermos família de baixa renda. Mamãe (quantas saudades!) costurava nossos uniformes tudo à mão. Dona Circe, nossa vizinha, disse para que ela fizesse uma promessa a Santo Antônio para ganhar uma máquina de segunda mão (mais em conta, usada). Conseguiu. Lembro-me dela fazendo camisinhas de pagão para a promessa, o que fez até o final de sua vida. Até os casacos de frio, ela fazia, com o tecido azul-marinho e também as sacolas que levávamos o material.
O Jardim de Infância e o Grupo Escolar
Tempos bons do Ensino Público!
Estudei no Jardim de Infância Maria Guilhermina e depois no Grupo Escolar Getúlio Vargas, onde hoje é o IEPIC.
O Jardim era um salão grande com mesinhas e as salas divididas com armários baixos. Havia um palco nos fundos, com um piano. Recordo de uma das músicas que cantávamos ao sair:
"Até amanhã, meu bom Jardim
Não se esqueça de mim
Meu bom Jardim......"
Da primeira à quarta série do primário e a admissão ao Ginasial, cursei no Grupo Escolar que ficava ao lado do salão do Jardim, indo até ao portão de entrada O prédio continua lá. Falarei mais no próximo post sobre o Grupo
sábado, 29 de junho de 2013
Sobre Plebiscito
Agora, que a onda é plebiscito, lembrei-me do tempo do ginásio.Estudava no Ginásio Estadual Aurelino Leal. Era tempo integral, de manhã íamos para as oficinas ( corte e costura, culinária, bordado, flores etc) e na parte da tarde, as disciplinas do currículo ginasial. Irônico é saber que daquelas oficinas, não aprendi quase nada, para não dizer, verdadeiramente, nada. Foi um tempo gostoso de estudos, mas conturbado na política.
Voltando ao plebiscito. Era o ano de 1963, é houve um plebiscito para mudar a forma de governo, de parlamentarismo para presidencialismo. Ganhou o presidencialismo. E, resultou na revolução de 1964. Agora, o que dará?
Mas, o que tem o Ginásio com o plebiscito? A minha verve artística (pena que não foi estimulada, talvez hoje estaria num palco, brilhando rsrs). A professora de português, Sueli Faillace, gostava de montar peças sobre os temas da época. Então, trouxe o conto de Arthur Azevedo, O Plebiscito, para encenar e eu fui uma das que atuaram na peça. Fui a menina:
Plebiscito
Arthur Azevedo
A cena passa-se em 1890.
A família está toda reunida na sala de jantar.
O senhor Rodrigues palita os dentes, repimpado numa cadeira de balanço. Acabou de comer como um abade.
Dona Bernardina, sua esposa, está muito entretida a limpar a gaiola de um canário belga.
Os pequenos são dois, um menino e uma menina. Ela distrai-se a olhar para o canário. Ele, encostado à mesa, os pés cruzados, lê com muita atenção uma das nossas folhas diárias.
Silêncio
De repente, o menino levanta a cabeça e pergunta:
— Papai, que é plebiscito?
O senhor Rodrigues fecha os olhos imediatamente para fingir que dorme.
O pequeno insiste:
— Papai?
Pausa:
— Papai?
Dona Bernardina intervém:
— Ó seu Rodrigues, Manduca está lhe chamando. Não durma depois do jantar, que lhe faz mal.
O senhor Rodrigues não tem remédio senão abrir os olhos.
— Que é? que desejam vocês?
— Eu queria que papai me dissesse o que é plebiscito.
— Ora essa, rapaz! Então tu vais fazer doze anos e não sabes ainda o que é plebiscito?
— Se soubesse, não perguntava.
O senhor Rodrigues volta-se para dona Bernardina, que continua muito ocupada com a gaiola:
— Ó senhora, o pequeno não sabe o que é plebiscito!
— Não admira que ele não saiba, porque eu também não sei.
— Que me diz?! Pois a senhora não sabe o que é plebiscito?
— Nem eu, nem você; aqui em casa ninguém sabe o que é plebiscito.
— Ninguém, alto lá! Creio que tenho dado provas de não ser nenhum ignorante!
— A sua cara não me engana. Você é muito prosa. Vamos: se sabe, diga o que é plebiscito! Então? A gente está esperando! Diga!...
— A senhora o que quer é enfezar-me!
— Mas, homem de Deus, para que você não há de confessar que não sabe? Não é nenhuma vergonha ignorar qualquer palavra. Já outro dia foi a mesma coisa quando Manduca lhe perguntou o que era proletário. Você falou, falou, falou, e o menino ficou sem saber!
— Proletário — acudiu o senhor Rodrigues — é o cidadão pobre que vive do trabalho mal remunerado.
— Sim, agora sabe porque foi ao dicionário; mas dou-lhe um doce, se me disser o que é plebiscito sem se arredar dessa cadeira!
— Que gostinho tem a senhora em tornar-me ridículo na presença destas crianças!
— Oh! ridículo é você mesmo quem se faz. Seria tão simples dizer: — Não sei, Manduca, não sei o que é plebiscito; vai buscar o dicionário, meu filho.
O senhor Rodrigues ergue-se de um ímpeto e brada:
— Mas se eu sei!
— Pois se sabe, diga!
— Não digo para me não humilhar diante de meus filhos! Não dou o braço a torcer! Quero conservar a força moral que devo ter nesta casa! Vá para o diabo!
E o senhor Rodrigues, exasperadíssimo, nervoso, deixa a sala de jantar e vai para o seu quarto, batendo violentamente a porta.
No quarto havia o que ele mais precisava naquela ocasião: algumas gotas de água de flor de laranja e um dicionário...
A menina toma a palavra:
— Coitado de papai! Zangou-se logo depois do jantar! Dizem que é tão perigoso!
— Não fosse tolo — observa dona Bernardina — e confessasse francamente que não sabia o que é plebiscito!
— Pois sim — acode Manduca, muito pesaroso por ter sido o causador involuntário de toda aquela discussão — pois sim, mamãe; chame papai e façam as pazes.
— Sim! Sim! façam as pazes! — diz a menina em tom meigo e suplicante. — Que tolice! Duas pessoas que se estimam tanto zangaram-se por causa do plebiscito!
Dona Bernardina dá um beijo na filha, e vai bater à porta do quarto:
— Seu Rodrigues, venha sentar-se; não vale a pena zangar-se por tão pouco.
O negociante esperava a deixa. A porta abre-se imediatamente.
Ele entra, atravessa a casa, e vai sentar-se na cadeira de balanço.
— É boa! — brada o senhor Rodrigues depois de largo silêncio — é muito boa! Eu! eu ignorar a significação da palavra plebiscito! Eu!...
A mulher e os filhos aproximam-se dele.
O homem continua num tom profundamente dogmático:
— Plebiscito...
E olha para todos os lados a ver se há ali mais alguém que possa aproveitar a lição.
— Plebiscito é uma lei decretada pelo povo romano, estabelecido em comícios.
— Ah! — suspiram todos, aliviados.
— Uma lei romana, percebem? E querem introduzi-la no Brasil! É mais um estrangeirismo!...
Participei de outras peças, já fui a rainha da primavera em uma das peças ( o vestido lindo de baile, branco, da professora . Lembro-me emocionada com flores nos cabelos, com uma faixa de rainha e pela primeira vez usando um vestido assim, mesmo por pouco tempo) Foi o máximo! Lembro de uns versos:
" Primavera, Primavera
Rainha das estações
Lindas flores trás à terra
E alegria aos corações"
Não lembro o autor, pena!
Tempos Modernos
Hoje lembrei das antigas procissões e falei da de São Pedro. Há poucos instantes, escutei fogos e surpresa, vi da janela a procissão marítima de São Pedro, de Jurujuba. Jet skis, veleiros, barcos, lanchas e até uma barca acompanhando o veleiro com a imagem do santo. Todos enfeitados, com bandeirinhas de papel e até uns com bandeiras de clubes e do Brasil. Pena não saber o horário para tirar uma foto. Retirei da internet esta imagem. Da procissão, fica para a próxima........
Procissão de São Pedro
Mercado antigo de peixe de Niterói - Foto que retirei do blog do grupo Prazer de Jogar
São Pedro e as comemorações na Rua da Praia (atual Visconde de Rio Branco)
Íamos sempre as festas religiosas e procissões e a de São Pedro era uma delas.A praia era perto, ainda não havia o aterro. Em frente, onde é a atual Lojas Leader, ao se atravessar uma faixa pequena da rua, estava já na calçada estreita da praia. Com uma faixa pequena de areia, a água com a maré batia na calçada.
O Mercado de Peixe, ficava na direção da Rua Marechal Deodoro, onde hoje fica o terminal rodoviário e o Bay Market, era dentro da praia, em uma ponte com barracas de ambos os lados. No final, a ponte era de madeira, as barracas iguais a palafitas e mexia ao sabor das ondas. Possuía uma capelinha de São Pedro.
A festa tinha barraquinhas e a procissão e era muito concorrida. O mercado acabou neste local nos idos de 1968, com o aterro. E desde então foi para a Ponta D'Areia.
São Pedro e as comemorações na Rua da Praia (atual Visconde de Rio Branco)
Íamos sempre as festas religiosas e procissões e a de São Pedro era uma delas.A praia era perto, ainda não havia o aterro. Em frente, onde é a atual Lojas Leader, ao se atravessar uma faixa pequena da rua, estava já na calçada estreita da praia. Com uma faixa pequena de areia, a água com a maré batia na calçada.
O Mercado de Peixe, ficava na direção da Rua Marechal Deodoro, onde hoje fica o terminal rodoviário e o Bay Market, era dentro da praia, em uma ponte com barracas de ambos os lados. No final, a ponte era de madeira, as barracas iguais a palafitas e mexia ao sabor das ondas. Possuía uma capelinha de São Pedro.
A festa tinha barraquinhas e a procissão e era muito concorrida. O mercado acabou neste local nos idos de 1968, com o aterro. E desde então foi para a Ponta D'Areia.
Criar um blog é uma aventura! Permitir-se inventar, descobrir, coletar pensamentos, poesias, contos e crônicas do cotidiano ou simplesmente reflexões. É permitir-se sonhar.
"Existir é viver no presente" escutei esta frase em um documentário sobre idosos. Ela foi proferida por uma senhora de 102 anos. Genial! Diz tudo. O difícil é nos situarmos no presente, sem os devaneios que nos ajudam a não baquear com o que assistimos agora. Não custa tentar! É um exercício permanente! Sigamos em frente........
"Existir é viver no presente" escutei esta frase em um documentário sobre idosos. Ela foi proferida por uma senhora de 102 anos. Genial! Diz tudo. O difícil é nos situarmos no presente, sem os devaneios que nos ajudam a não baquear com o que assistimos agora. Não custa tentar! É um exercício permanente! Sigamos em frente........
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